2013-01-17

Fonte: Jornal Bom Dia

Programa é oportunidade para estudantes de baixa renda e representa ponte para o nível superior

Bolsista do Prouni (Programa Universidade para Todos), a estudante de administração de empresas Camila de Almeida Zancanella, 22 anos, conseguiu comprar um carro usado com a economia dos R$ 755 de mensalidade do seu curso. Camila está no 5º ano da graduação e tem bolsa integral do programa para estudantes de baixa renda, que abre hoje inscrições no site do MEC (confira ao lado).

“Não cheguei a fazer as contas de quanto economizei, mas é uma conquista pessoal bacana. Tento valorizar essa oportunidade e conseguir mais algumas coisas”, afirma a estudante da Faculdade Anhanguera, dona de um VW Gol 1997, avaliado em R$ 7,9 mil, de acordo com a tabela FIPE.  Mais do que a compra do carro, Camila valoriza o fato de ser a primeira pessoa da sua família a cursar o ensino superior.

Os pais dela trabalham com logística e recursos humanos, mas a renda da família nunca foi alta, o que possibilitou a inscrição no programa. Para pleitear uma das 733 vagas de bolsas integrais disponíveis em Jundiaí nesse 1º semestre, o estudante precisa ter renda familiar bruta - por pessoa - de até um e meio salário mínimo. Ou seja, R$ 933.

“Sempre quis cursar uma universidade pelas oportunidades do mercado de trabalho. Desde que eu comecei o curso, já tive três estágios e acho isso muito importante para o meu futuro”, alega a estudante, que com o dinheiro do estágio divide uma casa com duas amigas no Jardim do Lago.

Apesar de morar sozinha, Camila afirma que a curiosidade dos pais sobre a faculdade é frequente. “Eles me ligam sempre para saber o que eu estou achando do curso. Quando eu passei, foi a maior festa. Na formatura, será outra”, diz, orgulhosa.

O curso de Camila, administração de empresas,  é o que tem maior oferta de bolsas para esse semestre: 122. Gestão de RH (com 48) e engenharia civil (com 42) completa o ranking de maior oferta dos 50 cursos com bolsas na cidade. As vagas podem ser consultadas no site www.prounialuno.mec.gov.br/consulta/publica.

Divergências /Doutor em educação pela USP (Universidade de São Paulo), José Renato Polli, também assessor especial da Secretaria Municipal de Educação, admite que  programas como o Prouni e o Sisu (Sistema Unificado de Seleção, que seleciona estudantes para instituições federais graças à nota do ENEM) cumprem o objetivo de dar acesso ao nível superior para pessoas de baixa renda e democratizam o diploma universitário. Mas ele questiona se essa universalização é a forma correta.

“Muitos pesquisadores argumentam que essa não é a solução correta, já  que o certo é investir na educação pública desde a educação infantil até o ensino superior. É isso que nós entendemos por universalização”, diz.

Já a coordenadora do serviço de apoio ao estudante da Faculdade Anhanguera Jundiaí - uma das cinco instituições participantes do programa na cidade - argumenta que os alunos bolsistas, via de regra, são os mais participativos das turmas. “Por regra, o aluno que não tiver frequência de 75% ou reprovar de duas a três matérias em um mesmo semestre perde a bolsa. Logo, esse pessoal é bem esforçado e costuma se destacar”, diz.

Site não dá número de bolsas parciais na cidade.
Na consulta feita no site do MEC na tarde de ontem, o BOM DIA não encontrou ofertas de bolsas parciais em Jundiaí. A assessoria de imprensa do órgão informou que existem duas formas de adesão das universidades e, a partir de cálculos feitos por cada instituição de ensino, são definidas as ofertas de bolsas.

De acordo com o artigo 5º da Lei 11.096 de 2005, que institui o Prouni, a instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficentes, poderá aderir ao programa  mediante assinatura de termo de adesão, e deve oferecer, no mínimo, uma bolsa integral para cada nove estudantes  pagantes correspondente ao período letivo anterior de cada curso ou, então, bolsa integral para cada 19  estudantes regularmente pagantes desde que ofereça, adicionalmente, quantidade de bolsas parciais de 50% ou de 25%  na proporção necessária para que a soma dos benefícios atinja o equivalente a 10%  da receita anual dos cursos que têm bolsistas do Prouni.

Por: LARISSA QUINTINO

larissa.quintino@bomdiajundiai.com.br

edicarlos.mutirao@gmail.com

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