2014-12-26

Finalizando a nossa série Leia mais mulheres (leia a parte 1 aqui), como prometido, a equipe da 21 se uniu para trazer recomendações de mais 10 autoras interessantes que merecem estar na sua listinha de livros desejados desse Natal — Sim, nós sabemos que essa lista existe, já é enorme e está prestes a aumentar. De nada.



1-Erin Morgenstern

Para sua primeira (e, até agora, única) obra O Circo da Noite, Erin Morgenstern criou um universo espetacular, cheio de mágica do começo ao fim. O circo toma vida, ganha uma glória real e palpável, e seus personagens alcançam profundidades impressionantes, com mulheres fortes e inteligentes, companhias intrigantes, tramas elaboradas e construções psicológicas admiráveis. A narrativa é construída em um tempo não-linear que, ao invés de confundir o leitor, consegue envolvê-lo ainda mais. A autora acabou vencendo o Locus Award de Melhor Primeiro Romance e o Alex Award (entregue pela American Library Association) em 2012, ganhando um merecido reconhecimento pela construção de um mundo literalmente repleto de magia, com seus limites, desafios e beleza.

Por onde começar? O Circo da Noite.

2-Sarah J. Maas

Pra começo de conversa, o quão incrível é ver uma mulher escrevendo livros de fantasia? Sarah J. Maas é linda, loira e a mente por trás das terras de Erilea, onde se passa a série Trono de Vidro. E, se você vai criar seus personagens em um continente (e mundo) fictício, por que não fazer da sua protagonista uma super assassina linda, confiante, incrivelmente habilidosa e ao mesmo tempo carinhosa, delicada, artística e forte, capaz de sobreviver as torturas de uma prisão impossível e batalhas com homens dominados por espíritos malignos, literalmente. E o mais importante: a trama nao gira em torno de interesses românticos. Eles existem, claro, mas as facetas políticas possuem um foco bem mais amplo, o que é em si um alívio. Seus personagens possuem as mais diversas facetas, sendo muito bem apresentados e desenvolvidos, com poucos impulsos e mais decisões pensadas, criando inspirações maduras e bem equilibradas para servir de exemplo a seus vários leitores jovens.

Por Onde Começar: Trono de Vidro.



3-Liliane Prata

Se você foi adolescente na década de 2000, é bem provável que tenha lido algum texto de Liliane Prata na Revista Capricho, onde foi colunista por oito anos. Liliane Prata é mineira, mãe, cronista e romancista das boas. A moça tem em seu currículo livros infanto-juvenis, como O Diário de Débora; romances adultos, como Três Viúvas e Sem Rumo; muitas crônicas, como as publicadas em seu blog e até mesmo um chick-lit, Uma bebida e um amor sem gelo, por favor. Além disso, Lili é super acessível no Twitter e no Facebook e mantém um canal no YouTube onde posta vídeos com reflexões bastante interessantes.

Por onde começar? Blog da Liliane Prata.

4-Stella Florence

Ela descreve-se nas redes sociais como escritora e cordeiro em pele de lobo. A paulistana é cronista, contista e romancista e não só não tem medo de transitar entre gêneros diferentes, como não se furta a tratar de temas polêmicos sem rodeios e com bom humor. Stella escreve, principalmente, sobre e para mulheres e sua principal temática são os relacionamentos, das mulheres com outrxs e consigo mesmas. É autora de Hoje Acordei Gorda, 32, O Diabo que te Carregue!, entre outros e já escreveu para diversos canais, sendo cronista da TopMagazine hoje.

Por onde começar? Hoje Acordei Gorda.



5-Malala Yousafzai

Hoje, Malala dispensa apresentações. A menina paquistanesa que foi baleada pelo Talibã por defender o direito seu e de todas as meninas à educação ganhou, esse ano, o Nobel da Paz. Em sua autobiografia Eu Sou Malala, ela não apenas conta sua história, como nos apresenta uma realidade que conhecemos muito pouco e defende seus ideais com inteligência e coragem. (Leia a nossa resenha aqui.) Seus discursos são igualmente comoventes e inspiradores, como aquele feito na ONU em seu décimo sexto aniversário e seu mais recente discurso feito ao receber o Prêmio Nobel da Paz.

Por onde começar? Eu Sou Malala.

6-E.Lockhart

Falar de E.Lockhart é difícil. Seu best-seller, O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks, já foi parar na minha lista de Decepções Literárias e ao mesmo tempo, apareceu em diversas listas de livros feministas para jovens adultos e gerou discussões na internet sobre o tema. A polêmica não é à toa, já que Landau-Banks é uma menina confusa, que luta contra o machismo tentando se camuflar e se esconder em meio aos meninos, sem realmente estreitar laços com nenhuma menina ao longo de toda a história. Mas mesmo em meio às suas contradições e confusões, E. Lockhart consegue misturar romance juvenil, crítica social e pitadas de humor cáustico em uma mesma história e tem um jeito delicioso de contá-la. Impossível não querer sair caçando tudo que essa moça escreveu em seguida.

Por onde começar? O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks.

7-Diana Gabaldon

Diana criou uma personagem atípica para ser protagonista de seu livro de estreia: Claire Beauchamp Randall. Na obra, que não é apenas um “romance”, como a escritora faz questão de enfatizar para quem o reduz a tal, Claire, que trabalhou no front de batalha como enfermeira na segunda guerra mundial, volta no tempo para a Escócia de 1743, onde fica dividida entre o marido que deixou em 1945, e um jovem e bonito guerreiro escocês. O que pode aparentar ser um romance açucarado se revela uma trama complexa, com intrigas políticas, profundo background histórico e batalhas violentas. Mas o destaque da trama é mesmo sua protagonista. Por causa da experiência na guerra, Claire está acostumada a ser tratada como igual pelos homens, e exige isso, especialmente ao voltar para o século XVIII, onde as mulheres não tinham voz e não passavam de propriedades dos maridos. Ela não hesita em exigir respeito, e ao contrário da maioria das personagens femininas por aí, não é um tola que só pensa em romance. Usa e abusa da sua inteligência, analisa com perspicácia sua situação e é bastante segura de si e confiante de sua sexualidade. Interessante que o par de Claire não apenas é mais jovem que ela, como é menos experiente sexualmente. Uma situação, que, convenhamos, não é muito fácil de encontrar nos livros.

Por onde começar? A Viajante do Tempo.

8-Gillian Flynn

Se em 2014 você assistiu Garota Exemplar e teve sua cabeça explodida pelas reviravoltas e maldades do roteiro, que tal conhecer a mente perturbada por trás da história original? Antes mesmo de virar sucesso de bilheteria no mundo todo, a trama que acompanha as doentias maquinações ocorridas entre as paredes onde moram Nick e Amy Dunne já era best-seller e havia conquistado a atenção de leitores em todos os cantos do planeta. Todo esse sucesso é mérito da escritora Gillian Flynn, que não tem medo de pesar a mão na hora da investigação psicológica dos personagens de seus thrillers, cheios de tons obscuros e anti-heroísmos. Também chama a atenção a complexidade das mulheres em sua obra, que não cabem em empoeirados estereótipos de gênero. Elas são ácidas, cínicas, amorosas, pacatas, avassaladoras, engraçadas, e de uma maneira inédita, humanas. Suas histórias, como bons romances policiais de antigamente, envolvem sangue, crimes, investigações e transtornos de personalidade, além dos plot twists de tirar o fôlego. Esteja preparado.

Por onde começar? Na própria carne.

9-Adriana Falcão

Se você é brasileiro e não viveu boa parte da sua vida com a cabeça enfiada na terra, conhece Adriana Falcão muito bem. Ou deveria. A carioca de origem e pernambucana de coração é escritora e roteirista de TV e cinema. É responsável por escrever. adaptar ou colaborar em grandes sucessos de bilheteria do nosso cinema e criou histórias que marcam as nossas memórias afetivas para sempre, como A Máquina, Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento e A Tampa do Céu. Com seu estilo próprio de escrita, cheio de rima, poesia e pernambucanidade, Adriana já se tornou um ícone da literatura infantil, jovem e adulta no Brasil e fora dele. Aviso: uma vez que você lê uma linha escrita por Adriana, não consegue mais parar até ter terminado de ler todas as outras, e ficar esperando pelas que ainda virão. (Bônus: 2014 foi mais feliz com lançamento de Queria ver você feliz.)

Por onde começar? Luna Clara & Apolo Onze.

10-Caitlin Moran

“Quando aparecem estatísticas dizendo que apenas 29% das mulheres norte-americanas se descrevem como feministas ? e apenas 42% das inglesas ?, eu penso: o que vocês acham que feminismo é, moças? Que parte da ?liberação das mulheres? não é para vocês? Será que é o direito de votar? De não ser uma posse do marido? A campanha por equivalência salarial? A música ?Vogue?, da Madonna? As calças jeans? Será que todas essas coisas IRRITAM VOCÊ? Ou será que você só estava BÊBADA NA HORA DA PESQUISA?” (Como ser mulher, 2012.)

Ler a obra-prima da desbocada, inteligentíssima e hilária Caitlin Moran é o tipo de ação transformadora que as pessoas místicas clamam só acontecer raramente na vida. O tipo de experiência que abre seus olhos, faz você se remexer desconfortavelmente na cadeira, largar o livro e depois voltar correndo para ler novamente aquela passagem que te fez engasgar de tanto rir. Ao terminar esse livro, acompanhar os textos e colunas que Caitlin espalha pelo mundo jornalístico ou até mesmo desvendar seu novo livro pra jovens, nada é garantido. Não é possível ter certeza de que você vá descobrir o que é ser mulher ou como se tornar uma. Também não dá pra saber se você vai se tornar uma feminista estridente. Mas acho que vai te mostrar que as intersecções entre os dois caminhos são mais frequentes do que você poderia imaginar.

Por onde começar? Como ser mulher.

Lembrou de autoras interessantes que ficaram de fora da nossa lista? Comente! E saiba mais sobre o projeto aqui.

Show more