2014-01-25



Durante mais de 25 anos, de 1948 a 1973, o paquete PÁTRIA visitou regularmente o porto do Funchal no decurso das suas viagens sucessivas na carreira da África Oriental. O Funchal era o primeiro porto de escala, logo depois da largada de Lisboa, e novamente o último porto da viagem de regresso ao Tejo, quando procedia de São Tomé e às vezes de Las Palmas. 

Esta fotografia que acaba de me ser enviada por Nuno Bartolomeu, a quem agradeço a colaboração, tem Autor desconhecido (agradece-se a identificação do autor da imagem) e mostra o N/T PÁTRIA algures no final da década de 1960, atracado ao molhe da Pontinha, numa tarde de verão, em viagem de África para Lisboa. 

Após a longa viagem de cerca de 50 dias ao norte de Moçambique e regresso, o PÁTRIA apresentava este aspecto cansado, com o costado salpicado de ferrugem e a chaminé mascarrada de preto no topo. O navio vinha sempre carregado no máximo da sua capacidade, como se pode ver na fotografia. Nesta escala o PÁTRIA deve ter atracado ao fim da manhã e terá largado ao final da tarde para mais um dia de navegação a 18 nós dando entrada na barra do Tejo de madrugada para fundear no rio mesmo em frente à Gare Marítima da Rocha. 

Ao amanhecer iniciava-se a manobra de suspender e atracar, pois à época não eram permitidas atracações no porto de Lisboa entre as 00H00 e as 08H00. Dois rebocadores, o MONSANTO e um dos "Cabos" de duas chaminés da AGPL passavam os cabos e o navio ia encurtando a distância ao cais lentamente. O ritual era sempre o mesmo, em especial nas manhã de Verão em que amanhecia cedo: os passageiros inundavam os tombadilhos do bordo virado para a margem norte do rio ao mesmo tempo que no cais a varanda da estação marítima se apinhava de familiares e amigos dos passageiros, familiares dos tripulantes, ou simples amigos dos navios, como era o meu caso tantas vezes. 

Não gostava de ver os navios ferrugentos: todos os navios da Companhia Colonial saiu de Lisboa para viagem pintados de alto abaixo, mas depois durante a viagem os retoques que se iam fazendo em termos de pintura não eram suficientes, e o resultado era chegarem a Lisboa com aspecto menos bom. Depois, durante a estadia, que no caso do PÁTRIA poderia ser de duas a três semanas, os navios eram pintados novamente, e de seis em seis meses iam à doca seca, no estaleiro da Rocha...

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