2014-03-17



População se juntou para acompanhar a apuração dos votos na Praça Lênin, em Simferopol,
capital da Crimeia, neste domingo (Foto: Thomas Peter/Reuters)

O resultado parcial da apuração dos votos sobre o referendo na Crimeia revela que 95,7% dos votos apoiaram a união da República Autônoma da Crimeia à Rússia, de acordo com a agência de notícias Associated Press. Até agora, 75% das urnas já foram apuradas.

Com essa quantidade de urnas apuradas e esse nível de votação pró-anexação à Rússia, na, prática, o resultado do referendo já está definido, aguardando somente uma confirmação oficial.

Antes mesmo de a votação começar, Estados Unidos e União Europeia comunicaram que não iriam aceitar o resultado do referendo, considerado ilegítimo. O presidente dos EUA, Barack Obama, conversou por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele disse que os EUA e seus aliados estão "preparados" para aplicar sanções a Moscou após o referendo na Crimeia. Ele ainda alertou Putin, segundo a Casa Branca, que os exercícios militares russos na fronteira da Ucrânia "só aumentam a tensão".

Milhares de pessoas celebravam o resultado na praça central da cidade de Simferopol desde quando autoridades separatistas anunciaram que metade das urnas já haviam sido apuradas e a maioria dos votos (95%) apoiava a anexação à Rússia.

Pouco antes, logo após o encerramento da votação às 20 horas locais (15 horas de Brasília), uma pesquisa de boca de urna apontava que 93% da população do território optaram pela anexação da região com a Rússia. O levantamento foi feito pelo Instituto de Pesquisa Política e Sociológica da República da Crimeia e foi divulgado pelos meios de comunicação russos.

O parlamento da Crimeia já se antecipou ao resultado oficial e anunciou que deve pedir nesta segunda-feira (17) sua incorporação à Rússia. A solicitação será feita diretamente ao presidente do país, Vladimir Putin, afirmou o primeiro-ministro crimeano, Sergei Axionov.

Axionov comemorou o resultado do referendo com a multidão que estava reunida em Simferopol. 'Voltamos para casa!', gritou. "A Crimeia vai para a Rússia", disse o premiê, antes de se juntar ao coro de pessoas e marinheiros da Frota do Mar Negro que cantavam o hino russo.

A anexação, no entanto, promete não ser fácil. Os Estados Unidos voltaram a rejeitar neste domingo o referendo e criticaram as ações "perigosas e desestabilizadoras" de Moscou na crise.

"Esse referendo é contrário à Constituição da Ucrânia, e a comunidade internacional não reconhecerá os resultados desta votação realizada sob ameaças de violência e intimidação por parte da intervenção militar russa", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

A votação
Os cidadãos de origem étnica russa formam 58% da população da região da Crimeia. As minorias ucraniana e tártara decidiram boicotar a votação. O número total de pessoas aptas a votar era de 1,5 milhão. Após o fechamento dos colégios, a comissão eleitoral informou que a participação foi superior a 80%. Na cidade de Sebastopol, onde a frota russa do Mar Negro tem sua base, e com um estatuto especial, o número chegou a 85%.

Agências de notícia russas chegaram a anunciar que o resultado seria mais de 90% dos votos a favor da anexação.

Na cédula de votação os eleitores foram questionados se desejariam que a Crimeia voltasse a fazer parte da Rússia. Uma segunda era se a Ucrânia deveria retornar ao status que tinha na Constituição de 1992, quando tinha mais autonomia.

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