2015-06-10

Com um crescimento anémico, desigualdades a aumentar e riscos compeivos cada vez maiores decorrentes da sua matriz social e ambiental, a economia europeia precisa de mudar de rumo e de um novo impulso.

Precisa de um Plano Tecnológico, que defina estratégias, recombine recursos e mobilize as pessoas e as empresas para a mudança.

A prioridade dada pela Comissão Europeia à União da Energia e à União Dial, que para além de visar a criação de mercados únicos nestas duas áreas críticas no plano económico, social e ambiental, ambiciona também a liderança da agenda da transição energética e da agenda da revolução dial, gera uma oportunidade única para que um Plano Tecnológico europeu seja aplicado com sucesso.

Recursos existem. Os 80 000 milhões de Euros do programa Horizonte 2020, e os 315 000 milhões de Euros do Fundo Europeu para o Investimento Estratégico (vulgo Plano Juncker) têm a Agenda da Energia e a Agenda Dial como prioridades. O CEF (Mecanismo Interligar a Europa) também tem esse foco, bem como os programas estruturais para a compeividade e a coesão que se desenvolveram em termos nacionais (Ex: Portugal 2020) com base nas prioridades da Estratégia Europa 2020.

E vontade política? É urgente uma exigência de cidadania. A UE não pode continuar a ter os elevados níveis de dependência energética e de submissão às plataformas diais desenvolvidas fora do seu terório. Esta uação é insustentável e para a resolver não é inteligente correr atrás nos trilhos que já outros percorreram. A solução é fazer diferente e fazer melhor.

Entre 2005 e 2011 Portugal colocou em prática uma agenda de mobilização para a promoção do conhecimento, da tecnologia e a inovação que foi designada por Plano Tecnológico. Essa agenda periu ao País subir 10 lugares no Índice Europeu de Inovação entre 2006 e 2011. (Depois de 2011 Portugal perdeu 2 lugares, resultantes duma queda sucessiva de 3 lugares e na recuperação de um lugar no último barómetro).

Tendo sido lançada por iniciativa do Governo, a agenda do Plano Tecnológico depressa foi assumida pela administração pública e pela sociedade civil e foi dando origem a linhas estratégicas de modernização como a Simplificação Administrativa (Simplex), os Planos Tecnológicos da Educação e da Justiça, a estratégia Energia 2020, a criação dos pólos de compeividade, o programas de disseminação do acesso à banda larga em todo o terório nacional e os programa de requalificação das pessoas para a sociedade da informação e do conhecimento (Novas Oportunidades).

O Plano Tecnológico foi aplicado em combinação com um esforço de investimento na ciência fundamental e na investigação aplicada, que quase duplicou o peso da Investigação e Desenvolvimento (ID) no Produto Interno Bruto (PIB) em Portugal entre 2005 e 2011.

A experiência do Plano Tecnológico em Portugal pere-nos confiar no sucesso do Plano Tecnológico Europeu? Tem este as condições básicas que periram o sucesso da política aplicada no nosso País? Penso que sim.

A visão estratégica (liderança na energia e no dial) voltou pelo menos à Comissão Europeia (com um apoio claro do Parlamento Europeu). Por outro lado as ferramentas de aposta (conhecimento, tecnologia e inovação) são as adequadas e têm recursos financeiros para as promoverem como referimos anteriormente. Finalmente, com o “Fundo Juncker”, o investimento estratégico voltou a ser uma prioridade e os programas estruturais para a compeividade e a coesão estão alinhados com a linha de reposicionamento compeivo.

O caminho contudo não será fácil. Para que o Plano Tecnológico europeu seja um sucesso é necessária a persistência da vontade política, a capacidade de mobilizar a sociedade civil, o alinhamento e financiamento da rede de conhecimento e a criação de condições de acesso para o maior número possível de europeus, quer às redes diais (banda larga, capaação para o uso) quer às redes de energia (produção descentralizada, gestão de consumos, promoção da eficiência).

Sendo a dependência energética e o envelhecimento as duas maiores ameaças que a Europa enfrenta, desenvolver soluções endógenas usando as novas tecnologias e afirmando a liderança em respostas que outras regiões do globo em breve vão necesar, é uma estratégia forte e mobilizadora. Neste contexto, as práticas para enfrentar os problemas europeus são em simultâneo chaves para o desenvolvimento e o crescimento sustentável na Europa e no mundo.

Fuente: http://www.publico.pt/economia/noticia/o-plano-tecnologico-europeu-1698386?frm=ult

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